Lúcia está repousando após uma manhã na praia. Fazia tempo que não tinha alguns dias de folga. Estava há mais de um ano numa rotina muito estressante, cheia de ocupações – e de preocupações. Estava muito bom descansar, ir à praia, relaxar, divertir-se...  Subitamente seu coração acelera, sente que vai morrer! Vem a tontura, calafrios, visão borrada: parece que vai desmaiar.

Será um infarto? Um derrame?

Desesperada pede ajuda e é levada ao Pronto – Socorro:

Examinada pelo clínico, feito ECG ( eletrocardiograma ): nada no coração., apenas a taquicardia ( aceleração do coração ), tremor fino de extremidades e sudorese. A PA ( pressão  arterial ) está discretamente elevada, mas isto é justificado pelo estado de extremo pavor de Lúcia, estado este logo percebido pelo médico experiente.

Marcos está na sala de reuniões do setor no qual trabalha, numa empresa Multinacional. Um dos seus colegas está fazendo  a apresentação. Marcos já apresentou a sua parte. Outros o farão em seguida.

Marcos sente-se desconfortável, isto já vem ocorrendo a algumas semanas: muita pressão no trabalho, problemas domésticos, financeiros...

A cabeça começa a pesar. Uma tontura surge subitamente, acompanhada de náuseas. Sente que pode vir a ter diarréia, mas fica paralisado no lugar, pois tem certeza que, se tentar levantar-se,perderá o equilíbrio e cairá. Não quer se arriscar a dar este vexame.

Isto vai passar – pensa – mas a sensação torna-se de tal forma imperiosa que sai às pressas e vai até o bebedouro aonde molha o rosto e pescoço, desajeitadamente, ensopando parte da camisa.

Um colega que ia passando o vê neste estado e aproxima-se;

_ Que é isto, Marcos?

_ Nunca senti isto – e explica o que sentiu e que já está melhorando aos poucos.

_ Você está com Síndrome do Pânico:

Eu também tenho isto e estou fazendo tratamento.

No início pensava que estava infartando ou tendo um derrame. Passei por vários médicos. Eu ficava muito irritado quando diziam que era um problema emocional. Até que aceitei a recomendação e procurei um psiquiatra.

Em pouco tempo a minha vida voltou ao normal,ou quase, desde que eu tome regularmente a medicação.

Disse quase pois sobrou o medo de ter isto de novo, principalmente em lugares aonde eu não possa ser socorrido, ou, pelo menos, ajudado.

 O meu psiquiatra disse que este novo medo chama-s AGORAFOBIA e indicou psicoterapia. Aliás, ele enfatizou a recomendação, pois já a havia indicado pois sou muito ansioso.

Assim como Lúcia e Marcos ( nomes ficctícios) muitas pessoas sofrem de Síndrome do Pânico - atualmente denominada Doença do Pânico, doença que pode ter vários sintomas somáticos  em variadas combinações, mas  apresentando em comum o aparecimento súbito da crise, que chega e rápidamente torna-se intensa, melhorando ou passando em um tempo variáve.

O tratamento deve ser medicamentoso, feito por psiquiatra, e com psicoterapia associada.